13 de mai. de 2015

Os rios


Os rios

Magoados, ao crepúsculo dormente,
Ora em rebojos galopantes, ora
Em desmaios de pena e de demora,
Rios, chorais amarguradamente,

Desejais regressar... Mas, leito em fora,
Correis... E misturais pela corrente
Um desejo e uma angústia, entre a nascente
De onde vindes, e a foz que vos devora.

Sofreis da pressa, e, a um tempo, da lembrança...
Pois no vosso clamor, que a sombra invade,
No vosso pranto, que no mar se lança,

Rios tristes! agita-se a ansiedade
De todos os que vivem de esperança,
De todos os que morrem de saudade...

Olavo Bilac


ESPERANÇA


ESPERANÇA

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
vive uma louca chamada Esperança
e ela pensa que quando todas as sirenas
todas as buzinas
todos os reco-recos tocarem,
atira-se
e
- ó delicioso voo
será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
- Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá, então,
(é preciso explicar-lhes tudo de novo!)
ela lhes dirá, bem devagarinho, para que não esqueçam nunca:
- O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

___Mario Quintana,
 in Baú do Espantos pg 77


24 de abr. de 2015

Música Submersa


Música Submersa
(Helena Kolody)

Não quero ser o grande rio caudaloso
Que figura nos mapas.
Quero ser o cristalino fio d’água
Que canta e murmura
Na mata silenciosa.


21 de abr. de 2015

Chorar por dentro





Chorar por dentro
(regina helena)

Chorar por dentro
é se sentir como um riacho
absorvendo sua última gota d'água,
sem nada poder fazer.

Chorar por dentro
é como a terra seca bebendo a chuva,
ou como a última lágrima
de quem já chorou tudo que tinha!

Chorar por dentro
é ver morrer a esperança,
o sonho, a ilusão,
o amor que acalentou no peito.

É guardar a dor, fingir,
mentir que é feliz, que esqueceu.