18 de jun. de 2011

RENÚNCIA


Renunciar. Todo o bem que a vida trouxe,
toda a expressão do humano sofrimento.
A gente esquece assim como se fosse
um vôo de andorinha em céu nevoento.

Anoiteceu de súbito. Acabou-se
tudo... A miragem do deslumbramento...
Se a vida que rolou no esquecimento
era doce, a saudade inda é mais doce.

Sofre de ânimo forte, alma intranqüila!
Resume na lembrança de um momento
teu amor. Olha a noite: ele cintila.

Que o grande amor, quando a renúncia o invade
fica mais puro porque é pensamento,
fica muito maior porque é saudade.

(Olegário Mariano)

14 de jun. de 2011

outro momento



e se te disser que a terra é curva?
que o planeta é plano?

rasgarás os dias?
desfolharás o calendário?

só os números se sucedem sucedâneos,
entregues a uma contagem condicionada,
onde,
solto da gravidade,
se sente o fio da existência.

havendo medidas,
terá sempre que se desfraldar um recomeço.

nas espirais do tempo rege a ilusão das metas, mas nada deixa de fluir.

um passo termina,
outro momento acontece.

e festeja-se!


Vicente Ferreira da Silva

10 de jun. de 2011

UM POR DE SOL


A natureza se transforma lenta!
Fica o ocaso mais rubro! Mais bonito!...
O sol, na sua marcha sonolenta,
Mergulha na janela do infinito!

Tudo é silente! Nem sequer um grito
Se escuta pela tarde pardacenta...
O mundo todo torna-se esquisito
E a noite desce plácida e friorenta!...

O sol com os raios seus já sem fulgores,
No desespero dos seus estertores,
Solta um beijo de luz, tinge o arrebol!...

O poeta fica no delírio imerso!
Contemplando os mistérios do universo
No quadro divinal de um por de sol!

Jansen Filho
In: Obras Completas