30 de abr. de 2009

Gratis, tudo gratis!

“Não me peça para dar a única coisa que eu tenho para vender”
(Cacilda Becker)


Peguei num site e me senti totalmente dentro da realidade da matéria. Adaptei para minha realidade. Mas é quase igual. Vou deixar o nome do site em baixo, pra quem quiser conferir.

- Não precisa ter pressa… Quando você tiver cinco minutinhos sobrando você faz…

- No momento a grana está curta, mas assim que der retorno a gente acerta!

- Faça esse trabalho de graça e no próximo eu nem pergunto o preço!

- Pagar eu não posso, mas vou divulgar seu nome para todo mundo!

- Você poderá divulgar seu nome junto com o desenho ou colocar sua assinatura na arte!

- Isso pra você é moleza…

- Tenho um amigo que faz de graça mas quero dar a oportunidade para você!

- É uma parceria: você faz de graça agora e ganha lá na frente!

- Faça uns esboços. Se eu gostar a gente acerta um preço.

- Não precisa ser nada muito caprichado…

- Faz aí depois a gente acerta!

- Ah, mas isso é diversão para você! Você faz brincando!

Todas essas frases e pedidos me levam a acreditar que essas pessoas que pedem coisas de graça acham que:

- Eu não me alimento, não tenho contas para pagar e meu carro é abastecido com ar.

- Meus softwares são de graça e recebo meus computadores e equipamentos como doação.

- Minha conexão de internet é feita através de telepatia.

- Eu desenho por diversão, crio logotipos por prazer e projeto coisas apenas para ocupar o tempo.

- As idéias nascem na cabeça por geração espontânea.

- O Governo não me cobra impostos.

- Acho livros e material de pesquisa na rua.

- Recebi uma herança (grana pra nunca mais ter de trabalhar!) e resolvi virar uma espécie de ‘Madre Tereza de Calcutá’ do design e da arte, fazendo apenas caridade…

- Óculos, remédio pra coluna,energia, etc, velox e tudo o mais, recebo de de graça!!!

- Meu dentista, meu contador, minha faxineira e todos aqueles que prestam serviços para mim, trabalham por prazer, sem cobrar um centavo!


Site: morandini

Cacilda Becker


Atriz de teatro paulista (1921-1969). Considerada uma das personalidades mais importantes da classe teatral brasileira e líder da categoria na primeira fase do Regime Militar de 1964. Cacilda Becker Yáconis nasce em Pirassununga e inicia em 1940, no Teatro do Estudante do Brasil, uma carreira que dura 29 anos. Em 1948, ingressa no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Em pouco tempo se torna a primeira atriz da companhia. Entre os principais trabalhos dessa fase estão Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello, e Antígona, de Sófocles. No cinema trabalha em A Luz dos Meus Olhos (1947) e Floradas na Serra (1954). Em 1958 funda sua própria companhia, ao lado dos atores Walmor Chagas, seu marido, e Ziembinski. Encena peças como Longa Jornada Noite Adentro, de Eugene O'Neill, e A Visita da Velha Senhora, de Durrenmatt. Preside em 1968 a Comissão Estadual de Teatro, em São Paulo. Em 6 de maio de 1969, durante a apresentação de Esperando Godot, de Samuel Beckett sofre um derrame cerebral em conseqüência do rompimento de um aneurisma. Morre depois de 38 dias em coma.

Fonte: site e-biografias

Criando Códigos para Orkut/Blog

O programa que eu uso é o Total Vídeo Converter. A música deve estar no pc no formato mp3, pois quanto menor, melhor. Pode-se converter várias múscias ao mesmo tempo. É só escolher na janela do pc que se abre, como na figura abaixo.

Abra o porgrama e clique em New Tast, como mostra a seta acima.

Em seguida, marque as músicas e dê um clique em Swf Vídeo, como na seta acima.

Marque as músicas e clique em Convert Now, como na seta acima. As músicas convertidas aparecem na pasta Converted. Ela se abre sozinha. Arrate para sua área de trabalho e pode fechar o programa.

Acima, a música na pasta Converted.

Com a música convertida, hospede num site, para pegar o link e colocar no código html.
Eu uso o Photobucket. É pago, mas seguro. Sua música não vai sumir. Deve ter sites grátis. Não sei.

Dica: Deixe seus códigos no bloco de notas, pois no word, as aspas mudam e as vezes não dá certo.



Aqui o local no Photobucket onde fica o link:




O Código

24 de abr. de 2009

Cecília Meireles - Epigrama 2

Epigrama número 2

És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir, e, quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,
e, para te medir, se inventaram as horas.

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa.
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
porque um dia se vê que as horas todas passam,
e um tempo, despovoado e profundo, persiste.

Cecília Meireles
Viagem, 1938

Cecília Meireles - Epigrama 1


Epigrama número 1

Pousa sobre esses espetáculos infatigáveis
uma sonora ou silenciosa canção:
flor do espírito, desinteressada e efêmera,

Por ela, os homens te conhecerão:
por ela, os tempos versáteis saberão
que o mundo ficou mais belo, ainda que inutilmente,
quando por ele andou teu coração.

Cecília Meireles
Viagem, 1938

Epigrama - Definição

Tumulo de Virgílio Távora, Senador, ex governador do Ceará. De Rafael Bezerra, blog Rip Brasil.

Epigrama é uma composição poética breve que expressa um único pensamento principal, festivo ou satírico, de forma engenhosa.

O Epigrama foi criado na Grécia Clássica e, como o significado do termo indica, era uma inscrição que se punha sobre um objeto - uma estátua ou uma tumba, por exemplo.

Os epigramas sobre as tumbas formaram uma classe à parte e se denominaram Epitáfios ou Epicédios, designando um poema engenhoso que tinha a característica de ser breve, para poder passar por rótulo ou inscrição.

A maioria dos epigramas gregos pode ser encontrada na Antologia Palatina. Além dos gregos, destacaram-se na composição de epigramas os romanos Catulo e Marco Valerio Marcial.

23 de abr. de 2009

Poder Paralelo


A máfia e a espontaneidade do povo italiano fazem parte da trama de Poder Paralelo, a mais nova produção da Rede Record. Com texto de Lauro César Muniz e direção geral de Ignácio Coqueiro, a novela apresenta elenco com mais de 60 atores.

As primeiras cenas foram gravadas nas cidades de Palermo e Tonnara di Scopello - situadas na região da Sicília, na Itália. Mais de 100 pessoas, entre profissionais da Record e contratados na Itália, participaram das gravações. Uma das sequências mais impactantes foi a explosão de um carro que mata a família de Tony Castellamare (Gabriel Braga Nunes), em uma praça no centro de Palermo.

Assim como a capital paulista, a cidade de Serra Negra - no interior de São Paulo -, também serve de cenário para a novela.

A trama

A história começa em Palermo. Um atentado é preparado e um homem será assassinado. A ordem parte do Brasil, mas a vítima está na Itália. É Tony Castellamare (Gabriel Braga Nunes), um brasileiro de origem italiana que é suspeito de ligações com a máfia. Mas o crime é interceptado por Téo (Tuca Andrada), delegado da Polícia Federal Brasileira e chefe da operação que investiga uma poderosa conexão do narcotráfico. Numa ação rápida, o delegado impede que Tony morra com a explosão de uma bomba em seu carro, mas não consegue evitar a pior tragédia. A Condessa Marina di Salaparuta (Daniela Galli), a mulher de Tony, e suas filhas gêmeas morrem numa terrível explosão criminosa. Tony não consegue chegar a tempo de impedir que a mulher entre no carro e vê a familia morrer.

Atingido pela tristeza, Tony descobre que a ordem para matá-lo partiu do Brasil e decide se vingar. Ele vem para o país acompanhado do filho Eduardo (João Vitor Silva) e se hospeda na casa dos pais, os italianos Don Caló (Gracindo Jr) e Mamma Freda (Lu Grimaldi). Tony é misterioso e não deixa claro a ninguém a sua relação com a máfia e, a princípio, nem ele sabe o motivo pelo qual querem matá-lo.

É exatamente essa a questão que mais instiga o delegado Téo, que quer desbaratar a rede de narcotráfico que liga Brasil e Itália. Téo sabe que Tony pode ser o elo que precisa para chegar até o misterioso Capo, ou seja, líder de toda essa organização.

O delegado conta com um moderno aparato policial e tem em sua equipe profissionais extremamente qualificados, como seu principal parceiro Renato (Bruno Padilha) e Marília (Maria Ribeiro), especialista em tecnologia e capaz de invadir qualquer sistema operacional.

Por outro lado, os envolvidos com a máfia não querem que a polícia se aproxime de seus negócios. Iago (Antonio Abujamra), porta-voz do Capo, cuida disso comandando seus contraventores no Brasil, com a ajuda de Lucas (Luiz Guilherme) e Tucci (Roberto Birindelli), e na Itália, por meio de Brasiliano (Márcio Rosário). Iago faz o que pode para atrapalhar as investigações de Téo.

Romance

A vida de Tony não está envolta apenas em crimes e tragédias. Pouco antes da morte de sua família, ele conhece a brasileira Lígia (Miriam Freeland). A jornalista inicialmente se aproxima dele para conseguir um furo jornalístico para a revista Grafos do Brasil, mas acaba se apaixonando.

Lígia passa a viver então uma crise ética por ter se apaixonado por um homem que supostamente é um criminoso. Ela vê o sofrimento de Tony ao perder a família e se sensibiliza com isso. Ao mesmo tempo, é cobrada ostensivamente por seu editor-chefe, Baruel (Carlos Bonow), para conseguir uma matéria bombástica. Tony, por sua vez, fica fascinado por Lígia, mas também se irrita ao saber que ela é jornalista e quer fazer uma matéria sobre a vida dele.

Amor X Traição

Maura (Adriana Garambone) dedica sua vida a cuidar do marido e dos filhos, Luísa (Fernanda Nobre), Pedro (Guilherme Boury) e Junior (Rodrigo Simas). Casou-se cedo com Bruno Vilar (Marcelo Serrado) e deixou de lado o desejo de ser atriz, por insistência do próprio marido. Ele, por sua vez, enriqueceu ao se casar com Maura e passar a trabalhar nos negócios da família. Apesar de não ter realizado seu maior sonho, Maura é muito feliz.

O que ela não imagina é que o marido há anos mantém um caso extraconjugal com a famosa atriz Fernanda Lira (Paloma Duarte). Pior: ele promete à amante construir um teatro para ela. Certamente, o mundo de Maura viria abaixo se ela descobrisse a traição, mas Bruno se esforça para iludir a mulher de que ele a ama.

Fernanda é famosa no Brasil por sua atuação em filmes, programas de televisão e peças de teatro. Ela se sente atraída pelo comportamento imprevisível de Bruno, mas está cansada de ser "a outra". Rudi (Petrônio Gontijo) e, posteriormente, Tony (Gabriel Braga Nunes) podem atrapalhar o romance de Bruno e Fernanda.

Casos "proibidos"

Pedro (Guilherme Boury) é um problema para Bruno e Maura. Não quer de forma alguma seguir os passos do pai assumindo as empresas da família. Apaixona-se por Nina (Patrícia França), uma mulher mais madura do que ele. Nina teve um passado sofrido ao lado do ex-marido, que chegou, inclusive a agredi-la. Por isso, cede fácil aos carinhos de Pedro, mas entra em crise, porque ele é filho de seu patrão. Nina teme que Bruno descubra o romance e a demita.

Luísa (Fernanda Nobre) não fica atrás do irmão Pedro. Ela é noiva de André (André Bankoff), considerado pelos pais o genro perfeito, mas se apaixona pelo fotógrafo Dog (Miguel Thirré). Luísa se encanta pelo espírito aventureiro dele, só que Bruno faz o possível para separá-los.

Os italianos

Don Caló (Gracindo Jr) veio morar em São Paulo ainda jovem. Caló fugiu de uma briga entre famílias mafiosas. Viveu na Itália nos áureos tempos da máfia e tem certa nostalgia dessa época, apesar de supostamente estar bem afastado de ações mafiosas. Caló tem vários negócios, entre eles o Hotel Diana, em sociedade com Bruno Vilar.

Casou-se com Freda, com quem teve três filhos: Tony, Rudi (Petrônio Gontijo) e Gigi (Karen Junqueira). Mamma Freda, como é carinhosamente chamada por todos, é dedicada aos filhos e tem muita influência nos bastidores da família. Rudi é o filho que traz mais problemas aos pais, por conta de seu envolvimento com o tráfico de drogas.

O Sobrado

Tudo é repartido no sobrado de Lurdes (Manoelita Lustosa), onde também moram Mimi (Júlia Sabugosa), Wagner (Lucio Fernandes), João (Leandro Léo) e Vitor (Bemvindo Sequera). Todos trabalham duro, têm pouco dinheiro, mas vivem intensamente. Sempre que podem fazem um churrasquinho ou uma festinha. Se bem que, vez por outra, entram em conflito e Vitor tem que usar suas habilidades diplomáticas para conter os ânimos.

No início da história, Lurdes enterra seu marido. Só que em vez de chorar, comemora, já que perdeu "um traste beberrão", como ela diz.

Texto: Rede Record/Imagem: Rede Record



EVIDÊNCIA
(Genaura Tormin)

No silêncio
Lamentos tardios
E escusas do que se foi.
O cérebro confunde
Os desejos esquecidos.

O tempo está parado,
O vento não encanta,
Como outrora,
Porque as flores
Já não exalam perfumes.

Não há espera...
Ela não é necessária.
Os dias são normais.
O querer se foi
Com o entardecer
Numa revoada de pássaros.

Mesmo assim,
Eu sinto frio.
Tudo está tão só!
No silêncio,
Respostas de perguntas
Feitas ao nada.

15 de abr. de 2009

Do amor que eu tive

Tela por Maria Sherbinina

Do amor que eu tive
(Genaura Tormin)

Quando a saudade invadir teu peito,
Saias ao desalento do tempo,
Numa noite fria.

Parceira,
Terás a lua medrosa
A passear no céu,
A carícia do vento
A beijar-te o rosto
Ainda marcado
Pelos beijos meus.

No silêncio da noite
Ouvirás sussurros.
Não te assustes!
Sou eu!

Estarei no lamento da cotovia,
Na tristeza da cascata,
No chilchear de aves notívagas,
Para recordares
Do grande amor que te ofertei um dia.

Ária ao violão

Tela: Delapoer downing


Que sonâmbula campânula

embala o íncola na ínsula

campanulando?


Cantagalo cantagálico

no áulico tez gaulesa

cantagalando.


Só, na sombra solitária

estrelinha latejante

é chama, é flor, e madruga

num rio que ri ou geme,

campanulando.


Sobre a memória madura

a cálida, a alva aurora

desce doce se incorpando,

campanulando.


Alphonsus de Guimaraens Filho

In Antologia Poética, 1963

Quando eu disser adeus...

Tela: George Francis Joseph


Quando eu disser adeus, amor, não diga
adeus também, mas sim um "até breve";
para que aquele que se afasta leve
uma esperança ao menos na fadiga

da grande, inconsolável despedida...
Quando eu disser adeus, amor, segrede
um "até mais" que ainda ilumine a vida
que no arquejo final vacila e cede.

Quando eu disser adeus, quando eu disser
adeus, mas um adeus já derradeiro,
que a sua voz me possa convencer

de que apenas eu parti primeiro,
que em breve irá, que nunca outra mulher
amou de amor mais puro e verdadeiro.


Alphonsus de Guimaraens Filho

Alphonsus de Guimaraens Filho



Alphonsus Henriques de Guimarães Filho formou-se bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais, em Belo Horizonte, em 1940. No mesmo ano foi publicado seu primeiro livro de poesia, Lume de Estrelas, pelo qual recebeu o Prêmio de Literatura da Fundação Graça Aranha e Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. Na época, trabalhava na Rádio Inconfidência, serviço de Rádio-Difusão do Estado. Em 1946 publicou Poesias; seguiram-se A Cidade do Sul (1948), Poemas Reunidos, 1935/1960 (1960), Antologia Poética (1963). Em 1962 foi eleito membro da Academia Marianense de Letras. Em 1974, conquistou o Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, pelo livro Absurda Fábula (1973). Em 1985, ganhou o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro Nó (1984). A obra de Alphonsus de Guimaraens Filho é situada pela crítica como integrante da terceira geração do Modernismo.


NASCIMENTO

1918 - Mariana MG - 3 de junho

LOCAIS DE VIDA/VIAGENS

1918/1923 - Mariana MG
1923/1955 - Belo Horizonte MG
1955/1961 - Rio de Janeiro RJ
1961/1972 - Brasília DF
1972 - Rio de Janeiro RJ


VIDA FAMILIAR

Filiação: Alphonsus de Guimaraens, poeta, e Zenaide Silvina de Guimaraens
1921 - Mariana MG - 15 de julho morte do pai
1943 - Rio de Janeiro RJ - Casamento com Hymirene de Souza Papi
1944 - Belo Horizonte MG - Morte do irmão João Alphonsus, escritor
1944 - Belo Horizonte MG - Nascimento do filho João Henriques
1948 - Belo Horizonte MG - Nascimento do filho Luiz Alphonsus, pintor
1953 - Belo Horizonte MG - Nascimento da filha Dinah Tereza


FORMAÇÃO

1926/1929 - Belo Horizonte MG - Curso primário no Grupo Escolar Barão do Rio Branco
1930/1934 - Belo Horizonte MG - Curso ginasial no Ginásio Mineiro
1936/1940 - Belo Horizonte MG - Curso de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito da Universidade de Minas Gerais


ATIVIDADES LITERÁRIAS/CULTURAIS

1937/1946 - Belo Horizonte MG - Trabalho na Rádio Inconfidência (Serviço de Rádio-Difusão do Estado)
1940 - Belo Horizonte MG - Publicação de Lume de Estrelas, primeiro livro de poesia
1941 - Belo Horizonte MG - Reingressa no jornalismo no jornal católico O Diário
1955/1974 - Organizador de antologias de poetas como Antero de Quental, Alphonsus de Guimaraens, Augusto Frederico Schmidt e Gonçalves Dias


HOMENAGENS/TÍTULOS/PRÊMIOS

1941 - Rio de Janeiro RJ - Prêmio de Literatura da Fundação Graça Aranha e Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras, pelo livro Lume de Estrelas

1951 - Prêmio Manuel Bandeira, pelo livro O Irmão, concedido pelo Jornal de Letras

1953 - Belo Horizonte MG - Prêmio de Poesia Cidade de Belo Horizonte, pelo livro O Mito e o Criador, concedido pela Prefeitura

1962 - Mariana MG - Eleito membro da Academia Marianense de Letras

1974 - Rio de Janeiro RJ - Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, pelo livro Absurda Fábula, concedido pelo Pen Clube do Brasil

1976 - Rio de Janeiro RJ - Decreto denominando Lume de Estrelas uma rua no bairro do Méier

1985 - São Paulo SP - Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro Nó, concedido pela Câmara Brasileira do Livro


MOVIMENTOS LITERÁRIOS

1945/1962 - Modernismo -Terceira Geração


Fonte: Itaú Cultural

OBRAS

Nostalgia dos Anjos (1939-1944)

Sonetos da Ausência (1940-1943)

Poesias, 1946

A Cidade do Sul, 1948

Poemas Reunidos, 1935/1960

Elegia de Guarapari (1953)

Antologia Poética, 1963

Transeunte (1963-1968)

Absurda Fábula, 1973

Discurso no Deserto (1975-1981)

Nó, 1984

O Tecelão do Assombro, 2000

12 de abr. de 2009

Rima



Ontem - quando, soberba, escarnecias
Dessa minha paixão - louca - suprema
E no teu lábio, essa rósea algema,
A minha vida - gélida - prendias...

Eu meditava em loucas utopias,
Tentava resolver grave problema...
- Como engastar tua alma num poema?
E eu não chorava quanto tu te rias...

Hoje, que vivo desse amor ansioso
E és minha - és minha, extraordinária sorte,
Hoje eu sou triste sendo tão ditoso!

E tremo e choro - pressentindo - forte -,
Vibrar, dentro em meu peito, fervoroso,
Esse excesso de vida - que é a morte...
[1885]

Euclide da Cunha

Verso e Reverso

Bem como o lótus que abre o seio perfumado
Ao doce olhar da estrela esquiva da amplidão
Assim também, um dia, a um doce olhar, domado,
Abri meu coração.

Ah! foi um astro puro e vívido, e fulgente,
Que à noite de minh'alma em luz veio romper
Aquele olhar divino, aquele olhar ardente
De uns olhos de mulher...

Escopro divinal - tecido por auroras -
Bem dentro do meu peito, esplêndido, tombou,
E nele, altas canções e inspirações ardentes
Sublime burilou!

Foi ele que a minh'alma em noite atroz, cingida,
Ergueu do ideal, um dia, ao rútilo clarão.
Foi ele - aquele olhar que à lágrima dorida
Deu-me um berço - a Canção!

Foi ele que ensinou-me as minhas dores frias
Em estrofes ardentes, altivo, transformar!
Foi ele que ensinou-me a ouvir as melodias
Que brilham num olhar...

E são seus puros raios, seus raios róseos, santos
Envoltos sempre e sempre em tão divina cor,
As cordas divinais da lira de meus prantos,
D'harpa da minha dor!

Sim - ele é quem me dá o desespero e a calma,
O ceticismo e a crença, a raiva, o mal e o bem,
Lançou-me muita luz no coração e na alma,
Mas lágrimas também!

É ele que, febril, a espadanar fulgores,
Negreja na minh'alma, imenso, vil, fatal!
É quem me sangra o peito - e me mitiga as dores.
É bálsamo e é punhal.

Euclides da Cunha

Eu quero


Eu quero à doce luz dos vespertinos pálidos

Lançar-me, apaixonado, entre as sombras das matas

- Berços feitos de flor e de carvalhos cálidos

Onde a Poesia dorme, aos cantos das cascatas...

Eu quero aí viver - o meu viver funéreo,

Eu quero aí chorar - os tristes prantos meus...

E envolto o coração nas sombras do mistério,

Sentir minh'alma erguer-se entre a floresta de Deus!

Eu quero, da ingazeira erguida aos galhos úmidos,

Ouvir os cantos virgens da agreste patativa...

Da natureza eu quero, nos grandes seios túmidos,

Beber a Calma, o Bem, a Crença - ardente a altiva.

Eu quero, eu quero ouvir o esbravejar das águas

Das asp'ras cachoeiras que irrompem do sertão...

E a minh'alma, cansada ao peso atroz das mágoas,

Silente adormecer no colo da so'idão...

Euclides da Cunha

[1883]

Euclides da Cunha


O engenheiro, escritor e ensaísta brasileiro Euclides Rodrigues da Cunha (note: sem o antenome "Pimenta") nasceu em Cantagalo (Rio de Janeiro) em 20 de janeiro de 1866. Órfão de mãe desde os três anos de idade, foi educado pelas tias. Freqüentou conceituados colégios fluminenses e, quando precisou prosseguir seus estudos, ingressou na Escola Politécnica e, um ano depois, na Escola Militar da Praia Vermelha.

Contagiado pelo ardor republicano dos cadetes e de Benjamin Constant, professor da Escola Militar, atirou durante revista às tropas sua arma aos pés do Ministro da Guerra Tomás Coelho. Na ocasião, supostamente bradou as seguintes palavras: - Senhores! É odioso que se pretenda obrigar uma mocidade republicana e livre a prestar reverência a um lacaio da monarquia!

Euclides foi submetido ao Conselho de Disciplina e, em 1888, saiu do Exército. Participou ativamente da propaganda republicana no jornal O Estado de S. Paulo.

Proclamada a República, foi reintegrado ao Exército com promoção. Ingressou na Escola Superior de Guerra e conseguiu ser 1o. tenente e bacharel em Matemáticas, Ciências Físicas e Naturais.

Euclides casou-se com Anna Emília Ribeiro, filha do major Solon Ribeiro, um dos líderes da República.

Em 1891, deixou a Escola de Guerra e foi designado coajuvante de ensino na Escola Militar. Em 1893, praticou na Estrada de Ferro Central do Brasil. Quando surgiu a insurreição de Canudos, em 1897, Euclides escreveu dois artigos pioneiros intitulados "A nossa Vendéia" que lhe valeram um convite d' O Estado de S. Paulo para presenciar o final do conflito.

Euclides não ficou até a derrubada de Canudos. Mas conseguiu reunir material para, durante cinco anos, elaborar Os Sertões: campanha de Canudos (1902), sua obra-prima. Os Sertões trata da campanha de Canudos em 1897, no nordeste da Bahia. Divide-se em três partes: "A terra", "O homem" e "A luta". Nelas Euclides analisa as características geológicas, botânicas, zoológicas e hidrográficas da região, os costumes e a religiosidade sertaneja e, enfim, narra os fatos ocorridos nas quatro expedições enviadas ao arraial liderado por Antônio Conselheiro.

Os Sertões valeram ao autor grande notoriedade e vagas na Academia Brasileira de Letras e no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Em agosto de 1904, Euclides foi nomeado chefe da comissão mista brasileiro-peruana de reconhecimento do Alto Purus, com o objetivo de cooperar para a demarcação de limites entre o Brasil e o Peru. Ele partiu de Manaus para as nascentes do rio Purus, chegando adoentado em agosto de 1905. Dando continuidade aos estudos de limites, Euclides escreveu o ensaio Peru versus Bolívia, publicado em 1907.

Após retornar da Amazônia, Euclides proferiu a conferência "Castro Alves e seu tempo", prefaciou os livros Inferno Verde, de Alberto Rangel, e Poemas e canções, de Vicente de Carvalho. Visando estabilidade, impossível na carreira de engenheiro, Euclides prestou concurso para assumir a cadeira de Lógica do Colégio Pedro II. Farias Brito venceu o concurso mas, por intermédio de amigos, Euclides foi nomeado. No dia 15 de agosto de 1909, no Rio de Janeiro, Euclides foi morto por Dilermando de Assis, amante de sua esposa.


OBRAS

Os Sertões (1902),
Contrastes e confrontos (1907),
Peru versus Bolívia (1907),
À margem da história (1909),
Canudos: diário de uma expedição - Obra póstuma (1939) e
Caderneta de campo - Obra póstuma (1975).

A conferência Castro Alves e seu tempo (1907), foi proferida no Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito de São Paulo.

Fonte: ORKUT Comunidade Confraria Poética II

10 de abr. de 2009

Passarela

Vista de Paranapanema, cidade do poeta.

Passarela

Meu pensamento se distrai
e sai
à procura da luz.

(O brilho me seduz).

E, então,
Abro a janela.

À luz da Lua
minha rua
é uma linda passarela.

Lucas Menck

Nomes



Conheci
certa vez, na desventura,
uma pessoa
respondendo por Sofia.
Em casa
dei abrigo em meu tear
e ela a chorar
confessou que era Maria.
- Pouco me importa - respondi
Que mal teria?
Também me encanta
responder por fantasia

Lucas Menck

Caminho de volta



Em minha vida
até um olhar vira poesia.
Tive mais do que eu queria.
Tudo caindo do céu.
Naturalmente suportei
meus dissabores.
Neste circo dos horrores
todos nós provamos fel.
Pouco me basta.
Distribuo todo excesso
e vou riscando meu regresso
num pedaço de papel.


Lucas Menck

Lucas Menck


Lucas Menck, natural de Paranapanema, SP, escreve desde os oito anos de idade, quando produziu um pequeno conto – uma professora por sinal muito feia era uma fada ajudando os alunos. O trabalho rendeu prêmio – um livro de fábulas. Lucas trabalhou no Rádio em Avaré e Itapetininga, escrevendo textos, poesias e peças. Colaborou e colabora com diversos jornais e sites, dentre os quais Recanto das Letras, Escrita.com.br, Autores.com.br e Bookers.com. É formado em Ciências Econômicas, tem pós graduação em Administração de Empresas e especialização em Turismo. Estudou Teologia e Filosofia. Trabalha na equipe de apoio ao Governo do Estado do Paraná, na Coordenação da Receita Estadual.



Paranapanema, cidade natal do Poeta. Foto da Internet.

8 de abr. de 2009

Feliz Páscoa


Nesta Páscoa,
Vou enviar a todos
Um montão de flores,
De todas as cores,
Para significar mudança,
Aumento da esperança...

Numa cesta de vime,
Envolta em sorrisos,
Enfeitada de estrelas,
Seguirão ovos de chocolate,
Recheados de mil desejos.
Sonhos, magia e beijos.

Uma melodia falará de amor.
Quem sabe,
John Lenon me ajudaria
A bordar os versos,
Desenhar a poesia
Para tudo transformar
Em laços de amor e alegria.

Genaura Tormin

6 de abr. de 2009

Ubajara

Cidade de grande potencial turístico, Ubajara tem a famosa 'Gruta de Ubajara'.


Imagens de Jevan Siqueira

São Benedito





Imagens de Jevan Siqueira

Orós, Terra do cantor Fagner

Imagem cedida pela nossa amiga Glória Dantas, à esquerda, num passei à ilha do Orós, onde fica uma pousada de propriedade de uma tia do cantor Fagner.

Exu, Cidade de Luiz Gonzaga

Imagem cedida por uma amiga do ORKUT

Sítio dos Lemos em Lavras da Mangabeira

Imagens: Jevan Siqueira

Bica de Ipu

Imagem: Jevan Siqueira

No período chuvoso a bica é uma verdadeira atração turística, mas assim também é muito linda!

Imagem: Jevan Siqueira, o próprio, em Ipu - CE

Uma visão mais ampla.

3 de abr. de 2009

Não és tu


Era assim, tinha esse olhar,
A mesma graça, o mesmo ar,
Corava da mesma cor,
Aquela visão que eu vi
Quando eu sonhava de amor,
Quando em sonhos me perdi.

Toda assim; o porte altivo,
O semblante pensativo,
E uma suave tristeza
Que por toda ela descia
Como um véu que lhe envolvia,
Que lhe adoçava a beleza.

Era assim; o seu falar,
Ingênuo e quase vulgar,
Tinha o poder da razão
Que penetra, não seduz;
Não era fogo, era luz
Que mandava ao coração.

Nos olhos tinha esse lume,
No seio o mesmo perfume,
Um cheiro a rosas celestes,
Rosas brancas, puras, finas,
Viçosas como boninas,
Singelas sem ser agrestes.

Mas não és tu...ai! não és:
Toda a ilusão se desfez.
Não és aquela que eu vi,
Não és a mesma visão,
Que essa tinha coração,
Tinha, que eu bem lho senti.


Almeida Garrett

Almeida Garrett



João Batista da Silva Leitão de Almeida, nome completo do escritor, nasceu no Porto em 1799 e faleceu em Lisboa em 1854.

O apelido irlandês está na genealogia da família: Garrett é o nome da sua avó paterna, que veio para Portugal no séquito de uma princesa.

Na adolescência foi viver para os Açores, em Angra do Heroísmo, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio, D. Alexandre, bispo de Angra. Em 1816 seguiu para Coimbra, onde se matriculou no curso de Direito. Em 1821 publicou O Retrato de Vênus, trabalho que lhe custou um processo por ser considerado materialista, ateu e imoral.E neste mesmo ano que ele e sua família passam a usar o apelido de Almeida Garrett.

Participou da revolução liberal de 1820, seguindo para o exílio na Inglaterra em 1823, após a Vilafrancada. Antes havia casado com Luísa Midosi, de apenas 14 anos. Foi em Inglaterra que tomou contacto com o movimento romântico, descobrindo Shakespeare, Walter Scott e outros autores e visitando castelos feudais e ruínas de igrejas e abadias góticas, vivências que se refletiriam na sua obra posterior. Em 1824, seguiu para França, onde escreveu Camões (1825) e Dona Branca (1826), poemas geralmente considerados como as primeiras obras da literatura romântica em Portugal. Em 1826 foi anistiado e regressou à pátria com os últimos emigrados dedicando-se ao jornalismo, fundando e dirigindo o jornal diário O Português (1826-1827) e o semanário O Cronista (1827). Teria de deixar Portugal novamente em 1828, com o regresso do Rei absolutista D. Miguel. Ainda nesse ano perdeu a filha recém-nascida. Novamente em Inglaterra, publica Adozinda (1828) e Catão (1828).

Juntamente com Alexandre Herculano e Joaquim António de Aguiar, tomou parte no Desembarque do Mindelo e no Cerco do Porto em 1832 e 1833.

A vitória do Liberalismo permitiu-lhe instalar-se novamente em Portugal, após curta estadia em Bruxelas como cônsul-geral e encarregado de negócios, onde lê Schiller, Goethe e Herder. Em Portugal exerceu cargos políticos, distinguindo-se nos anos 30 e 40 como um dos maiores oradores nacionais. Foram de sua iniciativa a criação do Conservatório de Arte Dramática, da Inspecção-Geral dos Teatros, do Panteão Nacional e do Teatro Normal (atualmente Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa). Mais do que construir um teatro, Garrett procurou sobretudo renovar a produção dramática nacional segundo os cânones já vigentes no estrangeiro.

Com a vitória cartista e o regresso de Costa Cabral ao governo, Almeida Garrett afasta-se da vida política até 1852.Contudo, em 1850 subscreveu, com mais de 50 personalidades, um protesto contra a proposta sobre a liberdade de imprensa, mais conhecida por “lei das rolhas”.

A vida de Garrett foi tão apaixonante quanto a sua obra. Revolucionário nos anos 20 e 30, distinguiu-se posteriormente sobretudo como o tipo perfeito do dandy, ou janota, tornando-se árbitro de elegâncias e príncipe dos salões mundanos.Foi um homem de muitos amores, uma espécie de homem fatal. Separado da esposa, passa a viver em mancebia com D. Adelaide Pastor até à morte desta em 1841. A partir de 1846, a sua musa é a viscondessa da Luz, Rosa Montufar Infante, inspiradora dos arroubos românticos das Folhas caídas. Em 1851, Garrett é feito visconde de Almeida Garrett em duas vidas, e em 1852 sobraça, por poucos dias, a pasta dos Negócios Estrangeiros em governo presidido pelo Duque de Saldanha.

Falece em 1854, vítima de cancer ,em Lisboa, na sua casa situada na atual Rua Saraiva de Carvalho, em Campo de Ourique.

OBRAS

1819 Lucrécia

1821 O Retrato de Vénus; Catão (representação); Mérope (representação)

1822 O Toucador

1825 Camões

1826 Dona Branca

1828 Adozinda

1829 Lírica de João Mínimo; Da Educação (ensaio)

1830 Portugal na Balança da Europa (ensaio)

1838 Um Auto de Gil Vicente

1841 O Alfageme de Santarém (1842 segundo algumas fontes)

1843 Romanceiro e Cancioneiro Geral - tomo 1; Frei Luís de Sousa (representação)

1845 O Arco de Sant'Ana - tomo 1; Flores sem fruto

1846 Viagens na minha terra; D. Filipa de Vilhena (inclui Falar Verdade a Mentir e Tio Simplício)

1848 As profecias do Bandarra; Um Noivado no Dafundo; A sobrinha do Marquês

1849 Memória Histórica de J. Xavier Mouzinho da Silveira

1850 O Arco de Sant'Ana - tomo 2;

1851 Romanceiro e Cancioneiro Geral - tomos 2 e 3

1853 Folhas Caídas

1871 Discursos Parlamentares e Memórias Biográficas (antologia póstuma)

Fonte: Comunidade Biografia e Poesia Portuguesa





Na Rua do Dr. Barbosa de Castro, n.° 37, outrora conhecida como Rua do Calvario( 1679 a 1920), situa-se a casa do escritor Almeida Garrett.

Almeida Garrett, mais precisamente João Baptista da Silva de Almeida Garrett nasceu neste edifício a 4 de Fevereiro de 1799. tendo vivido no dito edifício até 1804 data em que se mudou com seus pais para Vila Nova de Gaia.

2 de abr. de 2009

Encontro

Tela de Jean Leon Gerome

Que vens contar-me se não sei ouvir senão o silêncio?
Estou parado no mundo.
Só sei escutar de longe antigamente ou lá para o futuro.
É bem certo que existo: chegou-me a vez de escutar.
Que queres que te diga se não sei nada e desaprendo?
A minha paz é ignorar.
Aprendo a não saber: que a ciência aprenda comigo já que não soube ensinar.

O meu alimento é o silêncio do mundo
que fica no alto das montanhas e não desce à cidade
e sobe às nuvens que andam à procura de forma antes de desaparecer.

Para que queres que te apareça se me agrada não ter horas a toda a hora?

A preguiça do céu entrou comigo
e prescindo da realidade como ela prescinde de mim.

Para que me lastimas se este é o meu auge?!

Eu tive a dita de me terem roubado tudo menos a minha torre de marfim.

Jamais os invasores levaram consigo as nossas torres de marfim.

Levaram-me o orgulho todo
deixaram-me a memória envenenada
e intacta a torre de marfim.

Só não sei que faça da porta da torre que dá para donde vim.

Almada Negreiros

Almada Negreiros


José Sobral de Almada Negreiros é uma das figuras marcantes da geração modernista de "Orpheu". Nasceu em São Tomé e Príncipe a 7 de Abril de 1893 e morreu em Lisboa a 15 de Junho de 1970.

Filho do tenente de cavalaria António Lobo de Almada Negreiros, administrador do concelho de S. Tomé e de Elvira Sobral, foi educado no Colégio de Campolide, dos Jesuítas, e mais tarde, devido à extinção do Colégio em 1910, e por pouco tempo, no Liceu de Coimbra.

“Em 1911 ingressa na Escola Internacional de Lisboa, que tem um ensino mais moderno, e onde lhe proporcionam um espaço que lhe vai servir de oficina. e publica o primeiro desenho n'A Sátira. Em 1912 redige e ilustra integralmente o jornal manuscrito A Paródia, reproduzido a copiógrafo na Escola, expõe no I Salão dos Humoristas Portugueses, e colabora com desenhos para várias publicações.

Em 1913 realiza a primeira exposição individual, apresentando cerca de 90 desenhos na Escola Internacional, e conhece Fernando Pessoa, que escrevera uma crítica à exposição n'A Águia. Continua a colaborar como ilustrador para várias publicações, e em 1914 torna-se diretor artístico do semanário monárquico Papagaio Real.

No ano seguinte, escreve a novela A Engomadeira, publicada em 1917, onde aplica o interseccionismo teorizado por Fernando Pessoa, abeirando-se do surrealismo. Colabora no primeiro número da revista Orpheu, depreciado por Júlio Dantas, que afirma que não há justificação para o sucesso da revista e para a publicidade feita ao seu redor, afirmando que os autores são pessoas sem juízo. Ainda nesse ano de 1915, Almada realiza o bailado O Sonho da Rosa.

Em 21 de Outubro do mesmo ano estreia-se a peça de Júlio Dantas Soror Mariana. Almada irá reagir com a publicação do Manifesto Anti-Dantas.

O Manifesto causa algum impacto nos meios artísticos. Almada começa a corresponder-se com Sonia Delaunay, refugiada em Portugal com o marido por motivo da Guerra que assola a Europa. Publica o Manifesto da exposição de Amadeo de Souza Cardoso, com o título Primeira Descoberta de Portugal na Europa no Século XX.

Em 1917 realiza, vestido de operário, a conferência Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX, e publica a novela K4 O Quadrado Azul, que inspirou o quadro homônimo de Eduardo Viana. 1918, é quase inteiramente dedicado ao bailado integrando o grupo de Helena de Castelo Melhor.

Em 1919, com o fim da Primeira Guerra Mundial, parte para Paris, onde exerce atividades de sobrevivência, e escreve Histoire du Portugal para coeur, publicada em 1922, mas regressa no ano seguinte.

Em 1921 começa a colaboração com António Ferro, que o apresenta quando Almada realiza a conferência A Invenção do Corpo, como "o imaginário na terra dos cegos", e posteriormente o convida para desenhar para a Ilustração Portuguesa. Em 1923 Almada desenhará a capa do livro de Ferro, A Arte de Bem Morrer, continuando a produzir ilustrações para revistas, cartazes para empresas e publicando peças como Pierrot e Arlequim (1924), romances como Nome de Guerra (1925) e ensaios como A Questão dos Painéis; a história de um acaso de uma importante descoberta e do seu autor (1926).

De 1927 a 1932 vive em Espanha, e em 1934 casa com a pintora Sarah Afonso. Começa a ser solicitado regularmente para a realização de trabalhos de índole oficial, como seja um selo para a emissão comemorativa da 1.ª Exposição Colonial, um cartaz para o álbum Portugal 1934 editado pelo Secretariado da Propaganda Nacional e ilustrações para o programa das Festas da Cidade de Lisboa, e sobretudo começa os estudos para os vitrais a colocar na Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, que concluirá em 1938. Esta colaboração com a «Política do Espírito» de António Ferro culmina em 1941, quando o S.P.N. organiza a exposição Almada - Trinta Anos de Desenho, e o convida a participar na 6.ª Exposição de Arte Moderna e na exposição Artistas Portugueses apresentada no Rio de Janeiro, no Brasil e lhe atribui, em 1942, o Prêmio Columbano.

De 1943 a 1948 a sua atividade incide na realização dos frescos das Gares Marítimas de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, sendo-lhe atribuído o Prêmio Domingos Sequeira em 1946.

Regressa à realização de vitrais em 1951, desenhando os da Igreja do Santo Condestável, Lisboa, e os da Capela de S. Gabriel, em Vendas Novas, e à pintura em 1954, quando pinta o Retrato de Fernando Pessoa.

A sua atividade, no final dos anos 50, incide na decoração de obras de arquitetura, como sejam:

- painéis para o Bloco (Edifício) das Águas Livres e frescos para a Escola Patrício Prazeres (1956);

- decoração das fachadas dos edifícios da Cidade Universitária (1957);

- cartões de tapeçaria para a Exposição de Lausanne, o Tribunal de Contas e o Hotel de Santa Luzia de Viana do Castelo (1958) e o Palácio da Justiça de Aveiro (1962);

Realiza as suas últimas obras em 1969 - o painel Começar no átrio da Fundação Calouste Gulbenkian, começado no ano anterior, e os frescos Verão na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra.

Em 15 de Junho de 1970 morre no Hospital de São Luís dos Franceses, no mesmo quarto em que tinha morrido Fernando Pessoa.

OBRAS

K4 O Quadrado Azul(2000)
Nome de Guerra (2001)
Ficções(2002)
A Invenção do Dia Claro (2005)
Poemas (2005)
Manifestos e Conferências (2006)

Fonte: Comunidade ORKUT, Biografia e Poesia Portuguesa.